Autoria
A
igreja primitiva e os pais da igreja defenderam, desde os primórdios,
a autoria paulina desta primeira carta aos tessalonicenses. Desde o
ano 140 d.C., quando Marcião registrou em sua obra o fato de Paulo
ter escrito à Igreja em Tessalônica, em sua estada em Corinto, até
hoje, não houve muitas divergências quanto à autoria dessa carta,
que é considerada, ao lado de Gálatas, a mais antiga epístola
canônica de Paulo. Paulo, Silas e Timóteo chegaram pela primeira
vez à cidade portuária de Tessalônica, durante a segunda grande
viagem missionária (At 17.1-14). Depois de Filipos, foi Tessalônica
o segundo lugar a onde o Evangelho chegou no continente europeu. Pelo
fato de a mensagem e a pregação do apóstolo de Cristo ter
contribuído para o esvaziamento da sinagoga da cidade, os judeus
passaram a acusar Jasom, o hospedeiro de Paulo, de estar a abrigar traidores de César. Os governantes de Tessalônica usaram Jasom como
refém para exigir que Paulo e os seus discípulos se retirassem da
cidade. Assim que chegaram a Atenas, Paulo enviou Timóteo de volta
a Tessalônica a fim de animar os crentes fiéis e enviar-lhe um
relatório sobre o estado geral dos cristãos tessalonicenses (1ªTs
3.1-5). Mais tarde, Timóteo encontrou-se com Paulo em Corinto, onde
foram escritas as duas cartas à Igreja
em Tessalônica (3.6). Tudo indica que Paulo passou pouco tempo junto aos
tessalonicenses nessa viagem. Alguns estudiosos afirmam que esse
tempo não excedeu há um mês, pois somente três sábados são
mencionados
no livro de Atos dos apóstolos (At 17.2). Todavia, devido ao grande número de gentios, com certeza, o ministério de Paulo
foi muito mais extenso naquele momento histórico (1ªTs
1.9). O relatório do jovem líder e fiel missionário Timóteo
tranquilizou
o coração do pai espiritual dos tessalonicenses, e lhe deu muitas
razões para glorificar o nome do Senhor pela condição de boa saúde
espiritual que a Igreja em Tessalônica demonstrava, apesar das
perseguições e das pressões seculares e pagãs que rondavam a
comunidade daqueles crentes.
Propósitos
A
Igreja em Tessalônica foi fundada pelo apóstolo Paulo em sua
segunda grande viagem missionária, e compunha-se de convertidos
dentre os judeus e muitos gentios vindos do mais absoluto paganismo,
entre os quais vários gregos, homens e mulheres da nobreza
local (At 17.4). Considerando que Paulo tinha sido obrigado a partir
abruptamente de Tessalônica (At 17.5-10), é fácil entender o
quanto muitos novos crentes ficaram desnorteados (1.9). Portanto, o
alvo principal do apóstolo nessa carta foi proporcionar
encorajamento, especialmente a esses novos convertidos vindos do
paganismo, a fim de que se mantivessem fiéis, mesmo em meio às
mais severas provações e perseguições (3.3-5). Além disso, Paulo
se preocupa em oferecer à Igreja uma boa instrução sobre como
viver um estilo de vida piedoso (4.1-8), servindo diariamente ao
Senhor com um coração sincero e dedicado (4.11,12). Paulo ainda é
categórico quanto à salvação e o futuro eterno dos cristãos que
morrem antes da segunda vinda gloriosa de Jesus Cristo (4.13,15). Por
isso, Paulo dá ênfase à doutrina das últimas coisas
(escatologia), e finaliza cada capítulo de 1
Tessalonicenses com uma referência clara a esse retorno do Senhor.
No capítulo 4, o apóstolo é ainda mais esclarecedora esse respeito
(1.9,10; 2.19,20; 3.13; 4.13-18; 5:23:24). As duas epístolas aos
tessalonicenses são também chamadas de “as cartas escatológicas”
de Paulo. As passagens-chave da primeira carta se referem ao
arrebatamento da Igreja (4.13-18) e ao Dia do Senhor (5.11).
Data
da primeira publicação
A
grande importância das cartas aos tessalonicenses não reside
apenas no fato de figurarem entre as primeiras epístolas
canônicas de autoria do apóstolo do Senhor e revelarem muito da sua
vida e obra junto à Igreja, mas por conterem informações preciosas
e seguras sobre o glorioso retorno de Cristo. Paulo produziu a sua primeira missiva à Igreja em, Tessalônica, no ano 51 d.C. A
arqueologia moderna descobriu sólida confirmação dessa data ao
encontrar o registro desse fato numa inscrição escavada na cidade
de Delfos, na Grécia, que data o proconsulado de Gálio entre
os anos de 51 e 52d.C. e, assim, coloca na mesma data a
presença de Paulo em Corinto (At 18.12-17).
Esboço
geral de 1ª
Tessalonicenses
1. Ação
de graças pelos cristãos em Tessalônica (1.2-4)
2. Provas
da revelação e conversão a Cristo (1.5-10)
3. Paulo
reafirma o caráter do seu ministério (2.1-12)
A.
A sinceridade dos seus motivos mais íntimos (2.1-6)
B.
A pureza das suas emoções (2.7,8)
C.
A fidelidade de sua vida (2.9-12)
4. A
recepção por parte da Igreja em Tessalônica (2.13-16)
A.
A recepção da Palavra de Deus (2.13)
B.
A perseguição por causa da Palavra (2.14-16)
5. Relacionamento
de Paulo com a Igreja (2.17 – 3.13)
A.
Os objetivos do apóstolo (2.17,18)
B.
A missão do jovem líder Timóteo (3.1-10)
C.
Oração pelo encontro com os irmãos (3.11-13)
6. Encorajamentos
de Paulo aos tessalonicenses (4.1 – 5.22)
A.
Quanto a uma vida bonita em Cristo (4.1-4)
B.
O perigo de uma fé volúvel e impura (4.5-8)
C.
A bênção de amar aos irmãos (4.9-12)
D.
As consolações destinadas aos crentes (4.13-18)
E.
O Dia do Senhor (5.1 11)
F. Como
deve caminhar a Igreja (5.12-22)
7. Oração
final, saudações e bênção apostólica (5.23-28).